Wednesday 25 April 2007

À descoberta de Zurique

Uf! Terceira semana em Zurique… Finalmente consegui passear pela cidade, descobrir um pouco a sua personalidade, vibração. A zona histórica parece é algo estranha para os padrões de um português. Parece antiga mas com umas plásticas em cima. É bonita mas perde alguma “autenticidade”, apesar de ser óbvio que ninguém quer viver no meio de ruínas.

O lago é enorme e com águas límpidas (aparentemente). É possível nadar se as camadas de gordura nativas no corpo forem suficientes para debelar a previsível hipotermia.

Acho que era capaz de viver algum tempo aqui. É calmo, pouco stress e paisagens fantásticas.

Esta vida de estadias em hoteis caros e frequentados por homens de negócios ávidos de algum contacto humano mais próximo que um aperto de mão no final de uma reunião numa sala cheia a cheirar a suor e a medo proporciona momentos inesquecíveis.
Ontem fui à piscina do hotel no final do dia. Sabe muito bem relaxar dentro de água e saborear o momento. Enquanto descia as escadas para a piscina, um aglomerado (movelho) de cabelos (cavelos) com uma cor berrante chamou a minha atenção, a qual forçou os olhos a identificar a origem de tal fenómeno. Obviamente era uma mulher. Meia idade (seja lá o que isso for... acho que depende de quem escreve) e bonita. E respondeu ao meu olhar com um sorriso discreto (podia ter sido uma ligeira cãimbra). Mas não! Enquanto me divertia a brincar com os rolos de espuma fui abordado pela pseudo sereia. Com um sotaque de leste (Rússia) e um inglês precário, tentou entabular uma conversação. As pergunats habituais sobre se fico muito tempo, de onde vim, o que faço... Na minha inocência (não muita porque quando a esmola é muita o pobre desconfia) perguntei onde ela vivia. “Em Zurique”, disse-me ela a mim (referência ao gato fedorento). Pois, uma mulher que vive em Zurique não vai à piscina do Marriott. Portanto fiquei com a certeza que ela era uma mulher de negócios (sem factura, suponho). Não lhe dei muita atenção e ela voltou para a sua chaise longue. Entretanto dois bigodistas indianos observaram todo o acontecimento e babavam-se a olhar para a senhora. Fui para o jacuzzi que entretanto estava a ser habitado pelos ditos indianos. A piscina foi ficando vazia e eventualmente até os indianos ficaram fartos de olhar e não comer; vestiram os robes e começaram a tirar fotografias.
Ok, os dois dirigem-se a mim (eu estava dentro do jacuzzi a borbulhar) e pedem para tirar uma fotografia. Tudo bem, eu estendo o braço para segurar a máquina e ele diz que quer tirar uma fotografia a mim dentro do jacuzzi!!!!!!!!!
“Whaaaaatttttt?????” respondi. “No, of course not!”. Eles pediram desculpa (o meu olhar perplexo/ameaçador deve ter ajudado) e eis que a sereia regressa ao palco.
Levanta-se e revela que apenas está a usar uma toalha (sim, só uma toalha e não era um toalhão!). Os bigodes dos indianos caíram tal como o meu queixo. Eles abandonam o local visivelmente perturbados e a senhora pergunta se eu me quero sentar junto a ela. Não resisti e sentei-me (como qualquer latino que se preze). Talvez seja o momento certo para revelar que os meus calções de banho são muito curtos e justos. E já referi que ela só tinha uma toalha a cobrir a sua nudez? Pois...
A conversa resvalou rapidamente para algo do género “Are you going to your room now?” ao que eu respondi “Yes, I’m having a shower with you!”. Claro que não foi isto que disse. Houve um desfazamento entre a minha vocalização e os meus cérebros auxiliares.
Apenas referi que ia jantar com colegas de trabalho. Ela aliciou-me com o nome de um bar onde iria estar. Felizmente não percebi o nome (assim fiquei livre de tentações). A água de piscina estava fria o que soube muito bem.